Família deve avaliar como a pandemia afetou a percepção e comportamento dos filhos
Por Jefferson Paradello
Depois de meses em casa, milhares de crianças precisam começam a dar os primeiros passos rumo à sala de aula. Agora desacostumadas com a rotina, professores e até mesmo com a convivência com os colegas, que desafios podem enfrentar? Sobretudo, o que os pais podem fazer para amortizar os impactos dessa nova fase?
Para compreender essas e outras questões, a Agência Adventista Sul-Americana de Notícias (ASN) conversou com a psicopedagoga Adriana Silva Lopes Matias, atual coordenadora pedagógica da Educação Adventista para o Sul do Pará. Nesta entrevista ela destaca o papel essencial da família durante o processo de readaptação dos estudantes e os benefícios que podem advir de um ensino híbrido.
Para muitas crianças, a pandemia quebrou uma rotina de anos. Quais são os principais desafios para retomá-la?
Primeiramente, a manutenção de vínculos com a escola, com os professores e a vida escolar. O distanciamento social fez com que isso fosse enfraquecido, embora muitos laços tenham permanecido devido ao uso da tecnologia. Agora, é preciso que os estudantes sejam estimulados a retomar o convívio e hábitos acadêmicos anteriores à pandemia, mas com os devidos cuidados já reforçados pelas autoridades de saúde.
Os pais precisaram criar ou intensificar atividades em casa para ocupar o tempo dos filhos. Como eles devem agir quanto à sensibilização de que é hora de voltar para a escola?
Enquanto, por um lado, há muitas crianças que desejam voltar à rotina escolar, principalmente quanto à socialização com amigos, há outras que se acostumaram com o “conforto” de casa ou passaram a sentir medo da nova realidade.
Para esses dois últimos grupos, os pais precisam apresentar os benefícios do desenvolvimento acadêmico e do contato presencial, principalmente com os professores. Devem mostrar, ainda, que os ambientes educacionais foram preparados adequadamente para recebê-los, adotando novas medidas de segurança para preservar a saúde e evitar contaminações.
O retorno às aulas presenciais passa por uma mudança psicológica. O que os pais devem observar nesse momento?
Como as crianças se sentem, quais são seus medos, angústias e sua condição emocional. Muitas delas podem não ter absorvido os efeitos de todos esses meses de isolamento. Por outro lado, outras podem estar em sofrimento devido ao que leram ou aos cuidados adotados pela população e pela própria família.
Caso os pais percebam resistência por parte da criança, devem buscar ouvi-la para entender do que se trata. Em situações mais complexas, será necessário, inclusive, procurar ajuda profissional para auxiliá-la a vencer os obstáculos.
Como pais e docentes devem lidar com crianças que, nos últimos meses, foram “educadas” a fazer tudo via computador e agora precisam voltar ao modelo analógico?
A introdução das aulas virtuais gerou preocupação em muitos pais e nas próprias crianças, principalmente devido à necessidade de uma concentração redobrada diante do computador. Mas muitas delas se adaptaram e se acostumaram com esse dia a dia. Agora, no entanto, precisar retornar ao modelo ao qual estavam acostumadas. Isso não quer dizer, necessariamente, que devam se desfazer dessas ferramentas virtuais. Elas devem ser vistas e usadas como apoio ao ensino.
No entanto, os pais e professores deverão fazer uma “dosagem” dessa exposição e incentivar a realização de atividades analógicas, que também são importantes para o desenvolvimento do aluno. Mas existem desafios. Por isso, na sala de aula, face a face, os docentes precisarão despertar a atenção deles com metodologias ativas, curiosas, cuja dinâmica seja envolvente e possibilite a participação individual e em grupo.
Que lições alunos e professores podem extrair de um ensino híbrido? A partir da pandemia do novo coronavírus, este tipo de ensino pode vir a se tornar uma realidade permanente?
O ensino híbrido é uma mudança de paradigma. É um passaporte que levará os professores e alunos a acreditarem que o uso da plataforma digital é uma ferramenta extremamente útil para o processo de ensino/aprendizagem, oportunizando à grande maioria dos jovens, até mesmo às crianças, uma descoberta da ferramenta digital não só para o lazer, mas também para o conhecimento.
Além disso, é preciso intervir e direcionar coordenadores e professores para propostas de aulas mediadas pelas tecnologias, com interatividade, metodologias ativas e bem atrativas aos estudantes, e trilhas de aprendizagem linear (para direcionar pais e alunos). Visto que nesse modelo a interação nem sempre é presencial, requer-se muita atratividade para envolver a todos.
Como você imagina o futuro da educação?
Com menos fronteiras e mais conhecimentos significativos. No futuro, imagino que o processo de ensino-aprendizagem estará presente em todo lugar, não somente no âmbito escolar.
Fonte: https://noticias.adventistas.org