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Entenda as diferenças entre extintores de incêndio dos tipos A, B e C
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ARM SUL-AMERICANA

Entenda as diferenças entre extintores de incêndio dos tipos A, B e C

Novo modelo obrigatório para carros mistura os três tipos. O Fantástico preparou um manual com orientações e recomendações de uso. Confira a reportagem: 

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Os motoristas já estão cansados de saber: quem tem carro fabricado até 2005 precisa trocar o extintor de incêndio por um modelo mais atual. Mas você tem noção de como usar esse ou qualquer outro tipo de extintor numa emergência? O Fantástico fez o teste. E olha, tem muita gente que não sabe nem por onde começar.

Tem que ter no carro. É obrigatório. Mas quem dá bola para ele?

Luciano Barbosa, motorista: Não tem, não tem.
Fantástico: Não? Não tem nada mesmo? E aquele pequeninho ali?
Luciano: É aqui o extintor dele.
Fantástico: Você não sabia que ficava aí?
Luciano: Não sabia.

É bom ficar de olho. A partir de 1º de abril, os carros têm que ter o modelo novo de extintor. Carros fabricados a partir de 2005 já saem de fábrica com o novo modelo. O da biomédica Laura Herrera é assim. Difícil para ela é tirar do lugar. “Gente, eu não consigo. O que é isso, não dá! Preciso que você me ajude”, ela pede.

Só com a ajuda do frentista o extintor saiu. E com muito custo! “Eu estou de mau humor agora, porque se acontece algum pepino comigo”, brinca Laura.

Podem acontecer, mas incêndios em carros não são tão frequentes.  Dados da Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados mostram que, em 2013, de quase 15 milhões de veículos segurados no Brasil, 4.091 carros pegaram fogo, 0,027% da frota segurada. Ou seja, a cada 100 mil carros segurados no Brasil, só 27 sofreram incêndios.

Você está pronto? O Fantástico preparou um manual com orientações para usar o extintor de carro e também os que estão nos prédios. Eles também são obrigatórios nos edifícios. Nesse caso, cada estado brasileiro tem a sua legislação, que determina a quantidade de extintores necessários e onde eles devem ficar.

Em São Paulo, em um condomínio de sete prédios, os extintores estão na garagem, em todas as entradas e têm pelo menos dois cilindros em cada andar. Se tem uma pessoa que sabe onde fica um por um é o João Vicente Bento, o zelador.

Fantástico: Tem muito extintor aqui no prédio?
João Vicente: 232.

Ele já socorreu três moradores. “A senhora deixou uma vela em cima da geladeira e pegou no armário. Apaguei com extintor de água. Um carro que ia saindo da garagem e pegou fogo, usei o extintor de pó. O terceiro em um fogão. O morador desesperou, começou a fumaçar tudo e foi rapidez”, lembra João.

Tem morador que não sabe mesmo como usar. E muito menos para que serve cada um dos três extintores que existem.

Fantástico: Que tipo de incêndio você acha que ele apagaria?
Danielle Cortez, arquiteta: É, não tenho a mínima ideia.
Diogo Pepe, analista de comércio exterior: Eu acredito que seja para porta de ferro.
Jacqueline Miyuki Sekine, lojista: Um é o pó e o outro é tipo um gás. Mas eu não sei explicar muito bem.
Márcia Bonilha, dona de casa: Até você conseguir ler todas as instruções, eu acho que pegou fogo no planeta.

Convidamos a Márcia para aprender a usar os extintores. Ela foi levada para um centro de treinamento de uma brigada de incêndio em Itapecerica da Serra, São Paulo, onde simulações foram feitas. A primeira delas foi em um sofá.

Fantástico: Você usaria, por exemplo, qual extintor para apagar o incêndio?
Márcia Bonilha: Eu usaria o de água.

Carlos Eduardo Moreno, instrutor do centro de treinamento, vai dizer se é esse mesmo. “É esse mesmo, certinho. Márcia acertou”, diz.

O extintor de água, o de tipo A, apaga fogo em madeira, papel e materiais sólidos como tapete, cortina e sofá.

Foi colocado um pouquinho de álcool sólido no sofá só para acelerar mesmo o processo da queima. Em um ambiente fechado, a chama se propaga rapidamente. “Aproximadamente uns 40 segundos”, afirma o instrutor.

Hora da Márcia agir. “Você vai girar a trava e vai quebrar o lacre. O importante é encharcar bem esse tipo de material. Ele vai queimar em superfície e vai queimar em profundidade. Você viu que é fácil, prático e seguro, mas você assusta bastante”, orienta Carlos Eduardo Moreno enquanto Márcia apaga as chamas. “É fácil, mas assusta”, conclui a dona de casa.

Fantástico: Então, uma chama localizada em uma parte do sofá, dá para usar o extintor?
Carlos Eduardo Moreno: Sim, com certeza. Dá para usar o extintor.
Fantástico: Mais do que isso, o sofá todo, já é perigoso?
Carlos Eduardo Moreno: Já é perigoso. Já tem que chamar o Corpo de Bombeiros.

O segundo teste foi com uma panela com óleo superaquecido. “A primeira ação seria desligar realmente o fogo e fazer o uso do extintor”, explica o instrutor Moreno.

Fantástico: Qual tipo de extintor você pegaria, Márcia?
Márcia: Eu pegaria o de água novamente.
Fantástico: O de água? É o certo?
Carlos Eduardo Moreno: Não, Márcia, o de água não.

O Fantástico tirou a prova. Como a água reage com o óleo, a chama só aumenta! O indicado é o extintor “B”, de pó químico, para combater líquidos inflamáveis – gasolina, álcool, diesel e óleo.

“Segura na ponta da mangueira e você vai direcionar o jato à base do fogo” orienta o instrutor. “Aí apaga rapidinho”, conta Márcia, que disparou o jato e apagou totalmente o fogo.

O Fantástico faz o terceiro teste. Numa geladeira, foi simulado um curto-circuito provocado pelo superaquecimento do fio. “Vai se propagar para trás da geladeira, onde nós temos o motor”, explica Moreno.

Quando o fogo é em equipamentos elétricos com energia – TV,  computador, geladeira – o extintor mais adequado é o “C”: o de gás carbônico. “O CO2 sai em uma temperatura baixa e você segura na ponta da mangueira”, ensina Moreno.

O novo modelo obrigatório para os carros mistura os três tipos de extintores e age nos incêndios das classes A, B e C. O extintor novo combate incêndio em um estofamento que o antigo não conseguia apagar.

“No novo extintor, você só vai puxar a trava na parte superior e abaixa um pouquinho”, conta Moreno ao mesmo tempo que Márcia apaga o fogo no estofado de um carro.

O jato do cilindro compacto dura, em média, 15 segundos. Não é para incêndio em grande proporção. Tem muito motorista que acha dispensável.

“Com um extintorzinho desse tamanho, acho que não vai resolver o carro inteiro pegando fogo, não vai acontecer muita coisa”, afirma o publicitário Michel Constantini.

Em alguns países como Alemanha, França, Holanda, Reino Unido e Estados Unidos não é obrigatório ter extintor em carros.

Em 2005, a NHTSA, órgão responsável pela segurança viária nos Estados Unidos, negou um pedido da Associação dos Fabricantes de Extintores para que o equipamento fosse obrigatório em caminhonetes leves e utilitários esportivos.

O governo americano alegou que isso, na verdade, poderia aumentar o número de ferimentos e mortes, porque nem todos os motoristas são treinados para usar extintores para apagar incêndio nos carros.

Segundo o Departamento Nacional de Trânsito, aqui no Brasil o extintor veicular é exigido desde 1968 para garantir maior segurança.

O Corpo de Bombeiros alerta que motoristas e moradores não devem combater incêndios grandes. “O extintor é feito para combate a princípios de incêndio. A partir do momento que a pessoa utilizar o extintor e viu que o extintor não está surtindo efeito, esse fogo deixou de ser um princípio. Nesse momento deve-se utilizar hidrantes e chamar o Corpo de Bombeiros”, explica o Tenente Willian da Silva Ribeiro.

A Márcia entendeu isso e se o fogo for pequeno, ela está preparada. “Se precisar, eu já sei mexer, destravar e usar eu sei”, conclui a dona de casa.

Fonte: G1

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